VOZES VERBAIS - "É SEMPRE O AGENTE (DA PASSIVA)"

 

Geralmente nos deparamos com frases verbais que acreditamos estar na voz ativa, no entanto, ao investigarmos os meandros discursivos e semânticos de algumas condições de produção, podemos verificar que a estrutura, o sistema linguístico não dão conta de explicar todas as ocorrências da comunicação.

Como exemplo, analisemos uma oração que aparentemente está na voz ativa:

a) "Um barco afundou na praia de Candeias" (G1, 2021).

Se perguntarmos para o verbo o que afundou na praia de Candeias, logo ele apontará o sujeito "Um barco" e temos aparentemente o barco praticando a ação de afundar. Até agora talvez não consigamos identificar inicialmente a problematização, no entanto se colocarmos essa mesma oração na voz passiva, teremos uma visão mais clara do problema semântico.

b) "Um barco foi afundado na praia de Candeias por cinco homens"*

Em "b", a oração parece ser mais coerente e lógica, porquanto pressupomos um agente da passiva que pratica a ação de afundar o barco. No entanto, em "a", mesmo estando correta a estrutura sintática da voz ativa, as condições de produção (no mundo) não permitem que o sujeito barco afunde algo ou se afunde (na voz reflexiva), pois se torna ilógico, uma vez que, no mundo, barcos ainda não têm a autonomia ou consciência de afundar ou de "se afundar", subentendendo sujeitos que possivelmente são os responsáveis por essa ação perigosa.

Portanto, em nossa reflexão, compreendemos que se tivermos em mente que para haver uma voz ativa semanticamente aceitável o sujeito deve ser autônomo, consciente de suas ações, teremos facilidade em compreender que algumas ocorrências linguísticas não são logicamente aceitáveis, como por exemplo, "a pizza queimou", "o arroz estragou", "o feijão estorricou", "o avião caiu", etc. A pizza não tem autonomia para queimar algo ou se queimar, nem o arroz, nem o feijão tem consciência para estragá-los ou estorricá-los, nem mesmo o avião cai sozinho, porquanto sua queda pressupõe uma falha mecânica, um erro humano ou algum fator que pode promover a sua queda (lembremos da lei universal de causa e efeito). Nessas considerações, se admitirmos que "os homens afundaram na praia de Candeias" ou que "os homens afundaram o barco" a problematização de quem afundou o barco fica resolvida, porquanto "é sempre o agente (da passiva)" que promove a ação.

Também entendemos que sintaticamente podemos admitir essas construções como vozes ativas quando queremos "tirar", silenciar, apagar a culpa humana desses acidentes (ou incidentes), no entanto semântica e discursivamente as condições de produções dessas ocorrências nos apontam sempre para uma passividade, mesmo estando estruturado em uma voz ativa, porque se "o barco afundou com 5 homens dentro", com toda certeza foi o peso, o movimento, enfim, a irresponsabilidade humana que fez o barco afundar e, logo, admitimos minimamente um agente da passiva.

*(situação real: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2021/08/29/barco-afunda-na-praia-de-candeias-e-cinco-homens-sao-resgatados-por-bombeiros.ghtml) 

Comentários

  1. Eu entendi que a voz passiva pode ser utilizada para não colocar, diretamente, a culpa em alguém ou para indicar se o sujeito pratica ou recebe/sofre a ação verbal de uma oração.
    Por exemplo:
    "Ônibus despenca de uma ponte".
    Nós sabemos que o ônibus não tem vida e nem consciência para se jogar de uma ponte, então, fica subentendido que alguém realizou uma ação que provocou o acontecimento. A voz passiva é muito usada em jornais, principalmente quando não querem acusar uma pessoa em específico.

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  2. Entendi tudo, achei incrível o tema, o interessante é perceber que dá para omitir o principal sujeito que provoca a ação com simples mudanças e ainda continuar deixando a frase com sentido

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  3. O que entendi foi que dependendo das palavras que adicionamos ou retiramos da frase podemos entender as diferenças do que causou a situação, como: "o arroz queimou", o arroz não tem autonomia para se queimar sozinho, então dependendo das palavras colocadas podemos perceber quem causou a situação com o sujeito (o objeto e etc). Assim como a Isabella comentou, também posso dizer que muitos usam a voz passiva para representar a situação sem apresentar um culpado em específico.

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  4. O Tema em si é interessante. A voz passiva acontece quando a ação é sofrida pelo sujeito, que dessa vez, não pratica a ação.
    Um exemplo simples, poder ser esse:
    ''Vende-se abacaxis'' - Exemplo de de voz passiva sintética.
    Ou essa: ''As pessoas foram feridas no ataque terrorista.''
    As palavras podem trocadas de posição, mas o sentido dela não muda, ainda dá para se entender a frase, tanto na voz passiva quanto na voz ativa.
    A voz passiva também é usada em jornais, isso pode acontecer devido aos escritores não colocarem a culpa em uma só pessoa, ou para sua posição ideológica diante dos fatos.
    Por exemplo, um ônibus lotado de passageiros caí de uma ponte, alguns jornais vão dizer que foi culpa da prefeitura por não olhar a ponte. Mas, diremos que um jornalista é muito amiga do prefeito ou prefeita, e decide escrever um notícia sobre o acidente, ele vai escrever que foi culpa do motorista por não prestar atenção com a direção do ônibus.
    Falando nisso, tem mais um exemplo: ''O ônibus caiu da ponte.''

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  5. Eu entendi que na voz passiva, o sujeito sofre ou recebe a ação indicada pelo verbo. Por exemplo: "O bolo foi feito por Maria", nessa frase, o sujeito (bolo) sofre a ação de ser feito.

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  6. A voz passiva serve para indicar indiretamente o sujeito que praticou a ação, por exemplo: "Meu computador foi invadido." Nesta frase o sujeito da passiva no caso seria o computador, mas levando em prática o que foi mencionado e as leis da física, percebemos que objetos não tem vida própria para praticar qualquer ação. Mas se passarmos passarmos essa mesma frase para a voz ativa ficaria "Meu computador foi invadido por alguém". Se olharmos novamente perceberemos que o sujeito mudou de "o computador" para "alguém". Então podemos concluir que a voz passiva não tem a intenção de indicar diretamente o sujeito na frase. Outro exemplo:
    Voz Passiva- Luciano foi reprovado.
    Voz Ativa- Luciano foi reprovado pelo professor.

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  7. Eu entendi muito bem!!
    A voz passiva é quando sua frase não quer culpar o sujeito que a causou! Um exemplo: "A flor murchou." A flor não vai murchar sozinha, alguém descuidou dela, deixou de molhar, deixou de colocar no sol e ela murchou. É como se o sujeito ficasse implícito. Foi isso que eu entendi! =))

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  8. A voz passiva serve para indicar uma ação que foi praticada sem apontar um sujeito culpado, mas sempre tem um culpado só que, na voz passiva fica implicito como por exemplo: O prato foi quebrado. O prato não criou pernas e saiu andando até cair no chão pra quebrar, alguém o derrubou e ele quebrou

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  9. Eu entendi que, a voz passiva serve para tirar a culpa de alguém/amenizar a culpa, por exemplo: A porta bateu. Mas ninguém sabe quem bateu a porta.
    E a voz passiva faz com que fique implícito quem fez tal ação :/
    Exemplo: minha comida sumiu; o computador caiu; meu caderno foi rabiscado.

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  10. Eu entendi que voz passiva é para : retirar a culpa de alguém
    EX : o computador foi quebrado
    Voz ativa : um homem jogou o computador no chão e ele quebrou

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  11. Eu gostei muito do tema, pois eu consegui acompanhar as explicações e entendi perfeitamente que existe 3 tipos vozes verbais, são elas, ativa,reflexiva e passiva.
    E a voz ativa pode ser passada para a voz passiva.
    A voz ativa acontece quando a ação é praticada pelo sujeito, ou seja é o agente da ação verbal.
    A voz passiva acontece quando a ação é sofrida pelo sujeito,que não é o mesmo que pratica a ação verbal.E na voz reflexiva, o sujeito pratica e sofre a ação ao mesmo tempo.

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  12. Eu entendi que normalmente as pessoas atribuem ações a objetos que não são capazes de realizá-las, como por exemplo: a arma disparou. Sabemos que a arma não disparou sozinha, pois foi alguém a acionou.
    Larah Mourão Lira

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  13. Eu entendi que as vezes quando não querem generalizar alguém, eles falam como se o objeto tivesse praticado a ação, mas nós sabemos que não pode exercer uma ação.

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