A Línguagem em Quetão

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A Linguagem em Questão




Resumo das concepções estudadas no vídeo:

Há várias maneiras de se estudar a linguagem:

* Língua enquanto sistema de signos ou como sistema de regras formais: estudo da Linguística.
* Língua enquanto normas de bem dizer: estudo da Gramática Normativa, por exemplo.
* Lingua no mundo fazendo sentido: estudo da Análise de Discurso.

A Análise de Discurso não trata da língua e nem da gramática, embora todas essas coisas lhe interessem. A análise de Discurso trata do "mediador" entre o homem e sua realidade natural (homem no mundo sobrevivendo e se transformando e social (homem político mudando a sociedade e a maneira de pensar e de viver de uma sociedade).
Dessa forma dizemos que o "mediador", o discurso, é "assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando" (ORLANDI:2007, p.15). E é esse mediador que torna possível tanto a permanência e a continuidade quanto o deslocamento (deslocação) e a transformação do homem e da realidade em que ele vive.
A AD (Análise de Discurso) preocupase em estudar o homem (sujeito) na história, considerando os processos e condições de produção da linguagem pela observação da interação estabelecida pela língua com os indivíduos (sujeitos) que a falam e AS SITUAÇÕES EM QUE SE PRODUZ O DIZER.
vamos tentar entender o estudo que podemos fazer com o enunciado: "eu estou aqui". Para os estudiosos da gramática, o ponto principal de seu estudo é o enunciado em si, não levando em consideração as condições em que tal enunciado se produz. Ele se preocupa em identidicar o sujeito da oração "eu" e como ele se utiliza do verbo "estar" para se identificar no espaço que é representado pelo advérbio (dêitico) de lugar "aqui".
Agora, esse mesmo enunciado para um estudante de Análise de Discurso pode ser abordado de maneira completamente diferente, pois esse especialista leva em conta as condições de produção do discurso, estudando o contexto que levou o sujeito a se expressar. O sujeito aqui não é cartesiano, separado simplesmente de seu predicado "estar em algum lugar", mas o analista do discurso procura entender, por exemplo, quem é o enunciador do discurso e o porquê dele ter sido levado a formular tal enunciado. O analista também questiona e reflete sobre a palavra "aqui". Será que o sujeito realmente gostaria de informar um lugar em si? o "aqui" seria um espaço físico ou abstrato?
vamos imaginar que um menino esteja em algum lugar escondido, em uma casa de família bem confortável e seu pais, brincando com ele diz: "onde está meu garotinho?" Ele então responde: eu estou aqui! Agora podemos pensar em um protesto em frente à prefeitura de uma determinada cidade. Os grevistas tentam negociar o aumento de 5% em seu salário, porém os negociadores não comparecem à mesa de negociações a meses. Os grevistas irritados escrevem em uma placa. Não desisto nunca, eu estou aqui.
Assim, podemos perceber que enquanto o gramaticista se preocupa somente com o enunciado e a forma correta de dizer, o analista de discurso busca de maneira aprofundada, investigar as condições que levaram o enunciador "eu" a produzir tal discurso.
Daí, compreendemos porque Orlandi diz que o simbólico (linguagem) e o político (meio social de produção do discurso) se confrotam, pois essa nova forma de conhecimento "coloca questões para a Línguística, interpelando-a pela historicidade que ela apaga, do mesmo modo que coloca questões para as Ciências Sociais, interrogando a transparência da linguagem sobre a qual elas se assentam". Em outras palavras, A análise de Discurso visa pensar os sentidos dimencionados no tempo e no espaço das práticas do homem, descentrando a noção de sujeito e relativisando a autonomia do objeto da Línguística (Orlandi: 2007, p.16)
Nessas considerações, podemos afirmar que ao trabalhar com a AD não trabalhamos com a Linguística fechada em si mesma, mas com o discurso, que é um objeto sócio-histórico em que o linguístico intervém como pressuposto.
Dessa maneira, percebemos que a materialidade específica da ideologia é o discurso e a materialidade específica do discurso é a língua. Assim, como Orlandi diz, apud Michel Pêcheux (1975) "Não há discurso sem sujeito e não há sujeito sem ideologia: o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia e é assim que a língua faz sentido".

O TRIPÉ QUE FORMA A ANÁLISE DE DISCURSO



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